Ir para o conteúdo

Ir para o menu

Minha foto
Nome:
Local: Itatiba, SP, Brazil

E é tudo tão real mas nada normal

16/07/2009

"Você vai me vencer, eu vou me apaixonar.
Não há mais o que decidir
Dos nossos lábios todas as palavras
Nada dizem
Aos nossos olhos tudo que já vimos foi vertigem
E é tudo tão real mas nada normal
"



Me olho no espelho, me vejo por inteira, passo um batom, dou uma última ajeitada no cabelo.
Toca o celular, ele chegou.
Pego a bolsa, dou mais uma olhada no espelho, fecho a porta, respiro fundo e desço as escadas.
Ele me aguarda dentro do carro, entro, sento ao lado dele e me pergunto o que estou fazendo ali.

Foi então que olhei pra ele, fazia algum tempo que não o via, mas era o mesmo.
Nos olhamos, uma troca timida de olhar.
Ele fez alguns elogios, falamos de tudo, e na verdade não dissemos nada, ele colocou uma música e me perguntou se eu gostava daquele som.
Não era o meu preferido mas combinava com ele, comigo, tinha jeito daquele momento.
- Esta com frio?
Não, eu não estava com frio. Ele parecia querer agradar.

Um bar.

Ele estacionou e antes de descer me beijou, um beijo desengonçado, timido, diferente, como tinha que ser.
Sentamos em uma mesinha de madeira, cadeiras altas, o bar estava lotado, e uma voz com um violão fazia um som no ambiente, misturado com as muitas pessoas que falavam todas juntas.

Bebemos.

Falamos de tudo e de nada, e um sentimento estranho invadiu minha alma, não sei dizer, mas senti uma euforia que não era causada somente pelo alcool.
Eu olhava pra ele e queria dizer o quanto aquilo estava sendo bom, queria que ele soubesse da magnitude daquele momento.

O beijo ja não era desengonçado, nem timido, agora era perfeito, uma sincronia como a de bailarinos em dia de estréia, um nervosismo misturado com ansiedade, um prazer indescritivel.
Eu gostava desses beijos, as linguas passeavam pela boca, mordidinhas nos lábios, ele passava a mão pela minha nuca e segurava meu cabelo com força, me puxava pra perto dele.

Era assim, suave e agressivo ao mesmo tempo, paradoxal, sensacional.

Ás vezes no meio do beijo, abria meus olhos e olhava pra ele, assim, de pertinho, ele entreabria seus olhos, e eu gostava de olhar pra ele desse jeito.
Esse olhos nos olhos, com a boca na boca, entrelaçados num abraço, e esse verde dos olhos combina com seu cheiro e combina com aquela música que ouvimos no carro.
Gosto de te olhar nos olhos.
Enquanto todo o resto é breu, teus olhos clareiam os meus, clareiam minha alma, me hipnotizam, fujo deles e volto pro teu beijo, parece mais seguro quando não te olho nos olhos.

Tu tem as frases certas, os gestos exatos, não comete nenhum erro.
Quem te ensinou a me conquistar?

E essa cena se repetiu algumas vezes, um bar, dois drinks, você e eu, nosso beijo, teus olhos, a mão na nuca, palavras que eu não te disse, elas estavam ali, prontinhas, mas eu não te disse.

Confesso.
Bem baixinho, só pra você.
- Estou com medo.
Medo! Isso mesmo, estou apavorada.
Porque você parece eu. Não eu como estou agora. Mas eu como sempre fui, inatingivel, inabalavel, independente, auto suficiente.

Não posso te dizer todas essas palavras que ficaram engasgadas, tomo um pouco da sua vodka pra engolir isso tudo. Fico sem dizer.

É, tu me conquistou.

Me faz bem estar aqui, te olhando, te ouvindo, gosto de te ver sorrindo, gosto quando deixa eu dormir no seu braço ou no seu colo, gosto quando você me conta histórias.

Em um desses bares, um dia tu me disse que o passado não importava mais, o importante era o presente, e me abraçou.
Eu estava segura ali, nenhum fantasma podia me assustar, nenhuma lembrança podia voltar, nenhuma dor iria me alcançar, nem mesmo se houvesse um terremoto, um furacão, nem que o mundo acabasse.
Tudo iria a ruína, mas eu estaria intacta, sã e salva nos seus braços.

E assim, como veio se foi.

Fico deitada olhando pro teto ouvindo uma música que não combina comigo, nem com você, mas combina com esse momento.
Fico aqui, olhando pro celular, como se meu olhar bastasse para que ele tocasse e embora eu não tenha mais seu número, eu saberia que era você.
Estou fugindo, apaguei seu telefone porque assim não te procuro.
Eu minto pra mim que não faz diferença, finjo que esqueci, me engano dizendo que tudo não foi nada.

Mas o celular continua mudo.
Adormeço somente com aquela música, é o único som do ambiente.

Tu me conquistou, agora me leva, pra qualquer lugar, pra qualquer drink, com qualquer música. Sempre distraido, esqueceu o que te pertence, foi só isso.
Mas agora volta, e leva o que é teu.

Penso em ti todos os dias, e a noite é pior, passo os dias a esperar, espero que o telefone toque e tu seja cara de pau, invente uma desculpa qualquer pra essa ausencia, pode ser a mais esfarrapada, eu vou acreditar.

Tudo bem, nem precisa de desculpa, só diga que horas passa aqui pois preciso passar batom e dar uma olhada no espelho.

por ♥ Janinha ♥ @ 18:03

5 Comentários

Blogger Ingrid* Swan diz...

Lindo texto Jane!

Sem dúvidas, mtas garotas q lerem seu texto, vão se indentificar com algumas palavras...

Mto bom, adorei ^^

Beijos

17 de julho de 2009 às 08:08  

Anonymous Anônimo diz...

Como sempre o seu texto fez cair lagrimas de emocoes do meu rosto, mesmo pq jah gostei muito de vc e nao gosto de ve-la sofrer assim... se tivesse essa grande sorte de conquista-la pode ter certeza que estariamos juntos pela eternidade.... bobo aquele que conseguiu te conquistar e nao deu valor....

bjao e se cuida miga....

Wagner Brandao

18 de julho de 2009 às 08:36  

Blogger Vagner diz...

Feliz você que de alguma forma encontrou uma sincronia. Me pergunto, o por quê do seu medo. Apesar de achar q a felicidade seja algo q assuste, penso q você não pode desperdiçá-la. Sempre achei q minha alegria fosse uma ofensa aos q sofrem. Hoje sei q estava errado. Estar bem, ser feliz e, enfim amar, não é um privilégio e sim um direito. E como diria um conhecido poeta, "quando se aprende a amar o mundo passa a ser seu..." Simples assim.

Ps.: Ou estaria eu errado? Errei qdo disse feliz no início? Espero q não temha errado, pois o texto me passa a impressão de algo muito bom e isso é tudo q desejo pra ti, viu?
Beijo e se cuida.
Bye

18 de julho de 2009 às 16:22  

Blogger Mari Calza diz...

Às vezes, quando a gente menos espera, o nosso celular toca. E é quem a gente quer, com aquela desculpa mais que esfarrapada rsrsrs

Bjossss

20 de julho de 2009 às 09:39  

Blogger Ana diz...

Gostei do texto gata.
Muito bacana.
As vezes queremos tanto falar algo pra um cara mas o conceito desconhecido dele nos impede.

23 de julho de 2009 às 00:49  

Postar um comentário

<< Home

Voltar ao menu